Roda de conversa: encarceramento e genocídio negro na Ocupação Leila Khaled

Data: 10/04/2016 (domingo)

Horário: 14h

Local: Ocupação Leila Khaled, 2º andar, Rua Conselheiro Furtado, 648, Liberdade – (próximo ao metrô Liberdade)

encarceramentonegro

“Assumimos uma luta que nos vincula aos abolicionistas que se opuseram à escravidão. As instituições da prisão e da pena de morte são os exemplos mais óbvios de como a escravidão continua a assombrar nossa sociedade” (Angela Davis)

O sistema prisional brasileiro opera hoje como eficiente máquina de matar. O cárcere não constitui somente um depósito de corpos supliciados ou um mecanismo seletivo de isolamento e imposição de sofrimento físico e psicológico sobre quem são considerados indesejáveis pela moral do mercado e da propriedade. A prisão é um aparelho de morte, instrumento de eliminação, máquina de moer carne humana.

Somente no Estado de São Paulo, mais de 720 pessoas presas morreram entre janeiro de 2014 e junho de 2015, perfazendo uma média de 40 mortes por mês nas prisões paulistas; no Brasil, no mesmo período, a média foi de 136 mortos. Isso prova que mandar uma pessoa para a cadeia hoje não é só punir com a extinção da liberdade, há também uma pena implícita da morte familiar, social, psíquica e, também, física. Os aparatos jurídicos e policiais que compõem a máquina penal definem de forma clara seu alvo prioritário: a carne negra. (Vide:http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2013/01/pm-de-campinas-deixa-vazar-ordem-para-priorizar-abordagens-em-negros.html)

Dados oficiais apontam que cerca de 67% da população prisional brasileira é composta por pessoas negras e esse índice tende a crescer, conforme as pesquisas voltadas ao tema; quanto mais crescer a população prisional no país, mais crescerá o número de negros e negras encarcerados. Uma pesquisa mais especifica sobre encarceramento feminino (o que mais cresceu nos últimos tempos: enquanto na população prisional houve crescimento de 70% em sete anos, e a população feminina cresceu 146% no mesmo período) do Ministério da Justiça, afirma que 54% identificam-se como negras ou pardas. Mulheres estas que sofreram torturas e constrangimentos ano passado com abordagens do GIR, segundo o relatório do MNPCT: “[as presas] foram agredidas com cassetetes e os cães eram atiçados para as atacarem. Foram lançadas bombas de gás lacrimogênio, e muitas presas foram arrastadas pelos cabelos. Nessa situação nem as idosas e as presas doentes foram poupadas. As presas eram obrigadas, pelos agentes do GIR, a levantarem as blusas, ficando assim expostas partes íntimas, as que resistiam eram espancadas por cassetete.”

Para além do solo ensanguentado das cadeias e seus muros, estudos revelam que o Brasil mata cerca de 30 mil jovens por ano, sendo aproximadamente 80% negros e negras. Dados do Mapa da violência apontam que morreram, em 2002, 73% mais negros do que brancos no país, em 2012, esse índice subiu para 146,5. Olhando só a população jovem em 2012, para cada jovem branco que morre assassinado, morrem 2,7 jovens negros; configurando um massacre pelo Estado e seus parceiros da população negra e, principalmente, jovem.

Diante desse cenário de genocídio e aprisionamento racista, convidamos para a roda de conversa sobre “Encarceramento e Genocídio Negro” com a participação da Uneafro, Educafro, Ocupação Preta e Pastoral Afro.

Organização: Pastoral Carcerária, Rede 2 de Outubro, Ocupação Preta, Rede Ecumênica da Juventude, Coletivo Desentorpecendo A Razão, Pastoral da Juventude, REJU, Observatório da Juventude – Zona norte e Coletivo de Galochas.